Os problemas de sono podem comprometer consideravelmente a qualidade de vida daqueles que não descasam como deveriam. Afinal, após um longo dia de atividades, se você não consegue repousar à noite, muito provavelmente terá uma fadiga física e mental. As consequências podem ser severas para a saúde a longo prazo, como veremos neste artigo. Acredite, isso pode levar, até mesmo, a um aumento do risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
Um problema recorrente, e que muitas pessoas acreditam ser normal, é a apneia do sono. Isso porque ela é, habitualmente, confundida com um ronco comum, que normalmente é inofensivo. E apenas desagradável. Bom, a questão é: a síndrome de apneia pode trazer consequências graves para a sua saúde.
Que tal tirarmos outras dúvidas sobre esse tema e saber de que forma isso pode interferir em sua vida? Saiba mais neste artigo completo sobre apneia do sono.
O que é a apneia do sono?
A apneia do sono é muito conhecida porque está intimamente ligada com o que conhecemos popularmente como ronco. O ronco pode ser apenas uma manifestação de outros problemas de sono, mas também um indicativo da apneia. De forma mais específica, o nome oficial é a Apneia Obstrutiva do Sono (AOS).
A AOS é caracterizada quando ocorre uma obstrução parcial ou total das vias aéreas durante o sono. Isso é comum quando os tecidos da faringe e a língua passam por um processo de relaxamento mais do que o saudável em uma noite de sono. Quando isso ocorre, essas estruturas podem se posicionar de forma indesejada sobre a traqueia, que é importante para a passagem de ar até os pulmões, gerando uma obstrução.
Assim, a pessoa pode chegar a parar de respirar diversas vezes durante o seu sono. Em alguns casos mais severos chegam a centenas de interrupções ao longo de 8 horas de sono, podendo ter pausas que duram 10 segundos ou mais.
Para ser considerada a síndrome de apneia do sono, é preciso que as interrupções ocorram de forma repetitiva: pelo menos cinco vezes, em um espaço de 60 minutos. Assim, o ronco por si só, não é a apneia, mas um dos seus possíveis sintomas — e ela pode se manifestar, até mesmo, sem o ronco.
O que acontece durante uma crise e como agir?
Durante uma crise, há o relaxamento das vias respiratórias – como faringe e língua. Nesse momento, é comum que a pessoa ronque e /ou tenha leves engasgos, devido à pausa da respiração.
Quando acontece essa interrupção, mesmo que seja por poucos segundos, ocorre uma queda da oxigenação do sangue, algo que o seu organismo encara como ameaçador para a vida. O seu cérebro, assim, registra que há algo errado e gera um alerta para que você acorde e possa voltar a respirar. São momentos muito rápidos e, por isso, as pessoas podem nem reparar que despertaram.
As pausas, quando são prolongadas, geram um superativamento do seu sistema nervoso. Com isso ele eleva batimentos cardíacos e gera uma contração dos vasos sanguíneos. O estresse gerado nesse momento pode ser prolongado, levando a consequências ao longo do seu dia. O grande problema é que isso pode potencializar o risco de hipertensão e desenvolvimento de arritmia no futuro.
Como é feito o diagnóstico e quais os principais riscos da apneia do sono?
Em primeiro lugar, é importante identificarmos quais são os principais sintomas da apneia do sono e que podem levar a pessoa para o consultório para realizar os exames para o diagnóstico. Esse diagnóstico, aliás, é essencial para a definição da abordagem médica e, consequentemente, o sucesso do tratamento. Portanto, a investigação de onde ocorre a obstrução das vias aéreas superiores vai fazer toda a diferença. Alguns sintomas da AOS:
- o famoso ronco. Ele é um dos principais sintomas que identificam a apneia do sono;
- esse ronco deverá vir acompanhado de engasgos, gerados pela interrupção da respiração;
- mau humor e estresse constante;
- cansaço mesmo quando a pessoa dorme um tempo considerável;
- indisposição durante o dia;
- sensação de sufocamento ao dormir;
- sono muito agitado;
- respiração ofegante;
- redução na produtividade durante o dia;
- boca seca ao acordar – isso ocorre porque as pessoas que têm a síndrome tendem a dormir de boca aberta;
- dor de cabeça ao acordar – devido à diminuição da oxigenação no cérebro durante o sono.
Se você tiver alguns desses sintomas, pode ser interessante buscar auxílio de um profissional para averiguar o quadro. É importante ressaltar que as crianças podem ter problemas de apneia do sono também e, por isso, os pais precisam estar atentos e observar como elas se comportam enquanto dormem. Além do ronco e possível engasgo, outros sintomas nos pequenos, no dia a dia, são:
- maior irritabilidade;
- dormem em situações inadequadas (por exemplo, em sala de aula);
- costumam ter muitos problemas de amigdalite ou adenoide;
- costumam ter maior dificuldade de ganho de altura e facilidade em ganhar peso;
- costumam estar mais desconcentrados no dia a dia.
Ao levar as questões para um profissional especialista do sono, caso ele suspeite do problema poderá solicitar o “exame do sono”: a polissonografia. Você deverá ficar em uma clínica especializada para esse tipo de exame, durante toda uma noite, onde sensores serão colocados sobre a pele para avaliar o que acontece enquanto você dorme.
O objetivo é mensurar as suas ondas cerebrais, bem como a oxigenação do sangue, frequência cardíaca e respiratória, movimento dos olhos e das pernas, a fim de analisar a qualidade do seu sono de acordo com as reações do seu corpo ao longo do exame.
Alguns lugares oferecem a opção de ter um aparelho que será fornecido para que você possa realizar o acompanhamento em casa. Você recebe um dispositivo do tamanho de um relógio. Ele fica preso ao pulso e dois dedos das mãos e fornece os mesmos indicadores para o médico, ao analisar os dados recolhidos após o exame.
Assim, o especialista analisará os resultados fornecidos, podendo verificar quais são os distúrbios do sono existentes e indicando o melhor tratamento para o seu caso.
Quais são os fatores de risco?
Algumas pessoas têm maior predisposição a ter a apneia obstrutiva do sono. Os principais fatores de risco são:
- tabagismo;
- consumo de álcool em excesso;
- uso exagerado de sedativos ou indutores de sono;
- aumento de amígdalas e adenoides;
- tumores que possam comprimir as vias aéreas;
- estar acima do peso.
Quais os tipos e suas causas?
Para identificar as causas da apneia do sono, é importante verificar qual é o tipo em que o seu caso se enquadra. Por isso, confira os principais existentes a seguir.
- Apneia Obstrutiva do Sono: é o tipo mais comum encontrado socialmente. Trata-se do caso em que os músculos da região da garganta relaxam e aí você tem uma obstrução da passagem de ar. Esses episódios de obstrução são recorrentes e podem ser paradas totais (apneias) ou apenas reduções do fluxo (hipopneias). E ainda, quando a apneia está associada à doença cardiovascular ou a uma sonolência excessiva diurna recebe o nome de Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS);
- Apneia Central do Sono: trata-se de uma falha na comunicação entre cérebro e músculos de respiração. Assim, essa falta de controle faz com que ocorra a falta de ar durante o sono. Está mais associada então à perda repetitiva do drive ventilatório, ao invés da obstrução das vias aéreas superiores;
- Apneia Mista do Sono: é a combinação das duas anteriores e, também, o mais perigoso no que diz respeito às consequências.
As pessoas que apresentam deformidades faciais, como a mandíbula ou maxila muito para trás, podem apresentar AOS, por conta da diminuição do diâmetro das vias aéreas.
Quais as consequências e os principais riscos da apneia do sono?
A apneia do sono causa profundo prejuízo na vida da pessoa. São dificuldades que se apresentam no dia a dia, como subir uma escada, por exemplo, pois a pessoa simplesmente não tem fôlego para realizar atividades comuns. Outros problemas podem surgir também em decorrência da falta de sono, como dificuldades na memória e no aprendizado.
Alguns pontos em que ela interfere:
- aumenta o risco de doenças cardiovasculares (hipertensão e arritmia cardíaca);
- eleva os riscos de infarto;
- favorece o acúmulo de gordura abdominal;
- gera resistência à insulina;
- potencializa as chances de acidente vascular cerebral;
- prejudica a saúde dos dentes, já que deixa o pH da boca mais ácido;
- alguns estudos afirmam que prejudica a audição, podendo causar surdez parcial ou total;
- deixa os ossos fracos, potencializando os riscos de osteopenia e osteoporose.
Como é feito o tratamento da apneia obstrutiva do sono?
Após o diagnóstico, é fundamental realizar o tratamento para amenizar e resolver a situação, implementando medidas de controle e com o objetivo de evitar problemas e complicações futuras. Alguns pontos são:
- indicação de perda de peso, caso o fator de risco seja a obesidade;
- exercícios com fonoaudiólogo, que permitem fortalecer os músculos da região e, assim, minimizar o enfraquecimento da faringe;
- realização de procedimentos com aparelhos ortodônticos, nos casos em que há mandíbula curta;
- aparelhos de reposicionamento de língua, que permitem educar o paciente a sua colocação correta e, assim, amenizar os problemas com apneia do sono;
- uso do CPAP (Continuous Positive Airway Pressure) — considerado um dos melhores tratamentos para a AOS, trata-se de uma máscara que cobre nariz e boca e faz com que o ar seja direcionado para as vias aéreas por meio de um compressor, injetando ar para os pulmões e passando pela obstrução;
- se a questão for anatômica, poderá ser indicada a cirurgia ortognática.
É importante frisar que o tratamento é interdisciplinar. Assim, é necessário a realização de uma série de intervenções em áreas diferentes para resolver a questão.
Vejamos alguns pontos que são abordados como tratamento a seguir:
Mudanças comportamentais
Muitas vezes, o problema de apneia do sono pode ocorrer porque alguns hábitos da sua vida interferem nessa questão. Por exemplo, o simples hábito de trocar a posição de dormir, optando por deitar-se de lado, pode já auxiliar em uma melhora. Para isso, o apoio de almofadas e travesseiros podem ajudar – numa melhor posição para esse fim.
Outro ponto importante é evitar o uso constante de remédios sedativos e indutores de sono, além do uso excesso de bebida alcoólica. Eles fazem com que os músculos das vias aéreas relaxem consideravelmente e, assim, aumente as chances não só de apneia do sono, mas até mesmo do simples ronco.
Contudo, se você faz uso contínuo desses medicamentos, é importante estar atento para a orientação do profissional que o prescreveu. Isso porque eles, normalmente, são de uso contínuo ou, então, quando tomados regularmente, tendem a causar dependência e, portanto, sua retirada precisa ser devidamente acompanhada pelo médico para minimizar chances de problemas.
Caso não seja possível a retirada, pode-se conversar sobre redução de dosagens, ou então o uso de outros tratamentos, tais como outros que citamos, para auxiliar no processo.
Controle de doenças preexistentes
Em alguns casos, é importante que você realize uma análise das causas que podem estar levando a esse problema, ou potencializando-o. Por exemplo, um dos motivos mais comuns para o desenvolvimento do problema diz respeito à obesidade.
Assim, caso você tenha essa comorbidade e a apneia, é importante trabalhar, em conjunto com outros profissionais, formas de conseguir sair desse estágio e ter uma melhor qualidade de vida.
Terapia com fonoaudiólogo
Como uma das causas é o enfraquecimento da região da garganta, o trabalho com fonoaudiólogo, tem o papel de trabalhar os músculos dessa região e da garganta. Assim, mesmo que você relaxe ao dormir, evitará que o problema ocorra.
Aparelhos intraorais
Outra forma de tratar a apneia do sono, principalmente quando há riscos maiores envolvidos ou, então, não há presença de doença preexistente. Ele auxilia na correção de problemas estruturais que podem estar colaborando com esse tipo de distúrbio. Por exemplo, se for necessário reposicionar a mandíbula, o ortodontista poderá realizar um trabalho focado nas melhorias para uma respiração mais adequada durante o sono.
Os dois principais aparelhos intraorais utilizados especificamente para esse fim são:
- dispositivos de avanço mandibular inferior;
- dispositivos de estabilização da língua.
Assim, o ortodontista deverá atuar nessa parte do tratamento, corrigindo problemas estruturais de posicionamento dos dentes que podem comprometer a saúde do paciente.
Cirurgia
Em alguns casos, a estrutura anatômica da face faz com que o problema apareça de forma crônica. Quando a maxila ou mandíbula são muito para trás (padrão facial classe 2), elas diminuem o diâmetro das vias aéreas superiores, dificultando a passagem do ar, principalmente durante a noite. Assim, umas das formas de resolver é por meio de cirurgia ortognática – realizada pelo cirurgião bucomaxilofacial — em ambiente hospitalar e com anestesia geral.
O objetivo do procedimento, que envolve uma equipe multidisciplinar durante todo o processo, desde o diagnóstico até o pós-operatório, é o reposicionamento dos ossos maxilares, levando a uma correção funcional e trazendo melhorias para a parte respiratória. A correção cirúrgica, realizada após um processo que se inicia com exames específicos e passa por planejamento virtual, pode ser feita na mandíbula ou na maxila ou ainda em ambos, dependendo de cada caso.
A apneia do sono é um problema que tem solução. Assim, a pessoa que apresenta esse tipo de problema deve buscar ajuda profissional, além de incorporar hábitos de vida saudável.
Na clínica Neo Face são realizadas as intervenções necessárias na área de odontologia para minimizar o problema e garantir uma maior qualidade de vida para você. Nossa equipe conta com diversos profissionais, entre eles os experientes cirurgiões bucomaxilofaciais, que estão prontos para atender nos casos de cirurgia.
Entre em contato conosco para uma avaliação do seu problema e entenda a importância da avaliação de uma equipe multiprofissional especializada.
Confira o vídeo do Dr. Luciano Del Santo – O que é apneia do sono:
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