Todos os rostos são únicos, cada um com suas particularidades. No entanto, em alguns casos, alterações nas estruturas faciais podem gerar problemas para a autoestima e para a saúde. Um bom exemplo disso é o retrognatismo mandibular.
Essa condição é caracterizada por um crescimento ósseo insuficiente que dá a impressão de um rosto ter o queixo “para dentro”. A curto e longo prazo, isso pode trazer consequências negativas para a saúde.
Mas, afinal, o que causa esse problema? Quais são as suas consequências? Confira, ao longo do texto, essa e outras respostas e descubra, também, os tratamentos possíveis para o retrognatismo. Boa leitura!
O que é retrognatismo mandibular?
O retrognatismo acontece quando há um crescimento insuficiente ou inadequado dos ossos da região do maxilar, que é dividida em maxila e mandíbula.
A maxila se refere à região superior da boca, enquanto a mandíbula é a responsável por dar suporte aos dentes inferiores.
Por isso, há uma diferença nos tipos de retrognatismo, cada um trazendo um efeito visual diferente.
Quais são os tipos de retrognatismo?
Agora, falaremos sobre os tipos de retrognatismo. Esse problema é dividido em:
- retrognatismo da mandíbula (ou mandibular), quando a região inferior é “para trás”;
- retrognatismo da maxila, quando a região superior é “para trás”;
- retrognatismo maxilomandibular, quando ambas as regiões são afetadas.
Vale a pena lembrar que o termo “para trás” é apenas utilizado para explicar o que conseguimos visualizar. Na verdade, os ossos não crescem para dentro. O que acontece é que eles não crescem o suficiente ou da maneira que deveriam, trazendo essa impressão visual.
Qual é a diferença entre retrognatismo e prognatismo?
Outro termo muito comumente confundido com o retrognatismo é o prognatismo. Como já vimos, o primeiro corresponde ao “baixo” crescimento dos ossos e estruturas da região do maxilar (maxila e mandíbula).
No caso do prognatismo, acontece o contrário. A anormalidade aqui está relacionada a um crescimento exagerado da região, fazendo com que tenhamos a impressão de que o queixo está “para frente”.
Algumas vezes, os problemas acontecem simultaneamente ou até mesmo ocasionam um “falso diagnóstico visual”. Por exemplo: alguém com um prognatismo pouco acentuado pode trazer a impressão de que o que acontece, na verdade, é um retrognatismo. Por isso, é fundamental que um profissional especializado avalie o caso para ver do que realmente se trata o quadro.
Quais as possíveis causas do retrognatismo?
O retrognatismo pode ser causado por diversos fatores. Há pessoas que já nascem com ele, enquanto outras o desenvolvem ao longo da vida. A seguir, falaremos brevemente sobre alguns dos principais motivos para isso.
Fatores genéticos
A maior parte dos casos de retrognatismo é ocasionada por conta de fatores genéticos e hereditários. No entanto, o fato de uma pessoa apresentar um retrognatismo não fará por si só que seus filhos também cresçam com o problema.
Traumas na região da face
Os traumas, como pancadas, acidentes, machucados e contusões na região da face podem fazer com que os ossos cresçam de maneira desigual. Isso pode acontecer em qualquer fase da vida, mas é bem mais frequente quando ocorre na infância ou pré-adolescência.
Fraturas na região facial
Além dos traumas, as fraturas faciais também podem fazer com que ocorra um crescimento desigual dos ossos da face ou que o paciente desenvolva uma aparência típica de retrognatismo. A maioria dos casos pode ser tratado cirurgicamente sem maiores problemas.
Realização de cirurgias para remoção de tecidos
Muitos tumores, principalmente os de tamanho grande, podem afetar a região da face. No caso de cirurgias feitas para a remoção dessas anormalidades, é comum que o paciente desenvolva algum grau de retrognatismo após o procedimento.
Síndromes variadas
Por fim, há a possibilidade de um retrognatismo ter como causa síndromes genéticas. Esses casos são bem mais raros e a resolução cirúrgica da alteração, para esses pacientes, deve ser estudada com bastante cautela. Alguns exemplos de situações que podem gerar o retrognatismo são:
- síndrome de Pierre-Robin: também conhecida como sequência de Pierre-Robin, é uma doença caracterizada por anomalias faciais, como mandíbula diminuída, língua deslocada para trás e céu da boca aberto;
- síndrome de Nager: possui como característica a falta de desenvolvimento do maxilar associada à atrofia da parte ascendente da mandíbula;
- síndrome de Treacher Collins: doença genética rara que tem como característica a má-formação da cabeça e do rosto;
- microssomia hemifacial: alteração morfológica que apresenta deformidades faciais decorrentes do desenvolvimento anormal dos primeiros e segundos arcos branquiais (estruturas embrionárias formadoras de estruturas da face, pescoço e cabeça).
Como é feito o diagnóstico dessa condição?
O exame físico é o primeiro método diagnóstico para o retrognatismo. Nele, o profissional avaliará visualmente o paciente, apalpando a região e coletando informações por meio de perguntas sobre o quadro (anamnese).
No entanto, isso não é tudo. Como vimos anteriormente, alguns casos podem ser um pouco confusos. Por isso, para fechar o diagnóstico é fundamental a realização de exames de imagem, como o raio-x e a tomografia computadorizada. Com eles em mãos, também, é possível investigar problemas secundários ao retrognatismo, como a disfunção da articulação temporomandibular (ATM).
Quais as complicações do retrognatismo?
A ocorrência do retrognatismo traz uma série de consequências negativas para a vida dos pacientes acometidos. A seguir, você descobrirá quais são algumas delas.
Dores na região do maxilar
Por mais que possa parecer uma condição inofensiva, o retrognatismo pode gerar consequências complicadas para a saúde. Uma delas é a disfunção na articulação temporomandibular, conhecida popularmente como DTM.
Essa é uma das articulações mais complexas do corpo humano e as disfunções na região podem ocorrer por diversas causas. Os seus sintomas envolvem fortes dores no maxilar, dificuldade para comer e dores de cabeça.
Dificuldade para se alimentar
Além da disfunção na ATM, que gera uma dificuldade para a alimentação por conta da dor, outros fatores podem fazer com que os pacientes com retrognatismo tenham dificuldade em se alimentar adequadamente.
Por conta das alterações internas, o problema é funcional. O paciente, nesses casos, tem dificuldade em executar os movimentos da maneira correta, fazendo com que a mastigação e ingestão de certos ingredientes fique comprometida.
Dificuldade para dormir
Por conta da disposição inadequada dos ossos da face, o paciente pode apresentar problemas para respirar, com a ocorrência de obstruções na passagem do ar. Isso também tem muito a ver com o posicionamento da língua.
A consequência é um grande desconforto não só no dia a dia, mas também na hora de dormir. Por isso, não é incomum que pacientes com retrognatismo apresentem apneia do sono, problema caracterizado por pequenas “paradas respiratórias” que acontecem ao longo de toda a noite. Dessa forma, o sono se torna “quebrado”, nada restaurador e improdutivo.
Alterações dentárias
Muitas questões podem fazer com que os dentes fiquem desalinhados, desde o nascimento de um dente do siso até problemas na estrutura óssea da face, como é o caso do retrognatismo. Por isso, a arcada dentária também é uma das acometidas por essa situação.
Nesse caso, o que pode acontecer é os dentes ficarem sobrepostos. Além de ser uma questão estética, essa situação compromete a mastigação, a fala e deixa o paciente muito mais predisposto a desenvolver alterações como cáries ou periodontite.
Problemas com a autoestima
Por fim, a assimetria do rosto traz um problema muito sério e que é, muitas vezes, negligenciado: a autoestima. O retrognatismo compromete bastante a forma como os pacientes se enxergam e isso provoca uma baixa autoestima.
Quais são as formas de tratamento do retrognatismo?
O tratamento do retrognatismo é feito de diferentes formas em momentos diferentes das nossas vidas. Vamos saber mais sobre os principais protocolos instaurados nesses casos:
Utilização de aparelhos ortodônticos
O uso de aparelhos ortodônticos é fundamental para pessoas com retrognatismo. Eles ajudarão no alinhamento dentário e vão prevenir consequências mais graves para o desvio, preparando o paciente para uma posterior cirurgia. Os aparelhos podem ser tanto fixos, móveis ou externos, que ajudam na modelação da arcada.
Se a deformidade é percebida na infância, o uso de aparelhos ortodônticos pode estimular o crescimento correto dos ossos da face, diminuindo as chances de precisar de cirurgia na fase adulta.
Procedimentos cirúrgicos variados
Em alguns casos, pode ser possível corrigir o retrognatismo com procedimentos como a mentoplastia, que é uma operação feita apenas na região do queixo.
Realização da cirurgia ortognática
Na maioria dos casos, a solução para o retrognatismo é a cirurgia ortognática, um procedimento mais extenso e que não atua apenas no queixo, mas em todo o maxilar. Essa cirurgia é recomendada para pessoas que já completaram o crescimento ósseo, ou seja, que tenham, pelo menos, 17 anos, mas também pode ser feita antes sob recomendação médica.
Como é feita a cirurgia ortognática?
Essa é a principal cirurgia do maxilar, realizada para tratar a maioria dos casos de retrognatismo.
A cirurgia ortognática é um procedimento que consiste no reposicionamento dos ossos da face, com o objetivo de fazer com que eles tenham um melhor encaixe, alcançando uma anatomia mais próxima possível da ideal. Assim, é um procedimento conhecido como estético-funcional, pois atua diretamente na solução das questões funcionais do paciente, mas também tem como resultado uma melhoria na harmonia facial.
Qual é o planejamento para esse procedimento?
O planejamento para essa cirurgia inicia logo na primeira consulta com o cirurgião bucomaxilofacial. Em parceria com um especialista em ortodontia, o paciente iniciará um tratamento ortodôntico para reposicionar os dentes e começar a prepará-los para o procedimento no futuro.
Para tanto, são feitos vários exames pré-operatórios para garantir que o paciente esteja realmente saudável e que pode ser submetido à anestesia e ao procedimento. Por fim, é realizado um planejamento virtual, com a utilização de um software para computador. Com isso, o paciente e o médico conseguem ver o passo a passo do futuro procedimento, identificando possíveis intercorrências e vendo o resultado antes mesmo da cirurgia ser feita.
Quais são os seus riscos?
Todo procedimento envolve riscos, mas a cirurgia ortognática é considerada um procedimento seguro. Além dos exames pré-operatórios, que possibilitam uma melhor avaliação do cirurgião, uma equipe estará à disposição durante a cirurgia para atender quaisquer intercorrências.
Como é o cuidado no pós-operatório?
Durante o pós-operatório, a equipe responsável solicitará que você faça repouso por pelo menos 15 dias, a fim de evitar qualquer tipo de sangramento. Além disso, é importante usar os medicamentos prescritos adequadamente. Afinal, eles irão prevenir problemas como infecções e vão reduzir a inflamação do local, ajudando na cicatrização.
A dieta também tem um importante papel no processo de recuperação. No primeiro mês, o paciente não poderá mastigar. Essa é uma parte fundamental para não prejudicar a cicatrização.
Outro passo importante é fazer o acompanhamento adequado, indo ao consultório em todos os retornos e seguindo as recomendações dos profissionais responsáveis pelo seu caso.
Como podemos ver, o retrognatismo mandibular é um problema complexo, que pode ser originado a partir de diferentes situações, trazendo uma série de consequências negativas para a saúde. No entanto, há tratamento e a possibilidade de ganho em qualidade de vida.
Em caso de dúvidas, não deixe de entrar em contato com a Neo Face e agende a sua consulta com um dos nossos especialistas!